sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O Poder do Amor

Annie Besant, a segunda presidente da Sociedade Teosófica internacional, era uma grande escritora e conferencista. Ela era uma pessoa muito dinâmica, com uma marcante presença pública, tendo inclusive trabalhado junto com Gandhi na campanha da libertação da Índia. Besant defendia causas que não eram muito populares, como o controle da natalidade, os direitos das operárias, os direitos dos intocáveis e outras causas sociais. Durante uma fase de sua vida ela sofreu uma perseguição implacável de um jornalista. Por alguma razão incompreensível, esse escritor realizou uma persistente campanha de difamação contra ela. Ele a criticava de forma virulenta em jornais e periódicos. Ela tentava rebater, tentava se defender, mas não conseguia.
Um dia Besant percebeu a inutilidade de tentar responder crítica com crítica, rancor com rancor. Quando percebeu o que estava acontecendo, pegou um retrato desse jornalista, colocou-o em sua mesa de cabeceira e todo dia, em sua meditação matinal, ela mirava o retrato e enviava pensamentos de paz ao jornalista. Em pouco tempo a agressividade do homem foi se dissipando e seu comportamento mudou completamente. Ele passou a admirá-la, tornando-se em seguida um amigo. A força do amor foi capaz de reverter completamente à atitude negativa.
Por meio da vigilância, da percepção correta da realidade, somos capazes de substituir o sentimento de ódio pelo sentimento de amor. O amor é muito mais forte que o ódio, que o egoísmo ou qualquer emoção negativa. Temos um poder fantástico, um poder divino, que é o poder de influenciar o mundo através da nossa mente. Temos a capacidade de exercer a função divina de criar e transformar o mundo. Existe uma imagem muito bonita de Nicholas Roerich, pintor russo que considero um dos maiores de todos os tempos. É um quadro de grande beleza que me impactou desde a primeira vez que o vi. Nele há um iogue sentando nas montanhas dos Himalaias, com neve em toda a sua volta. Mas onde ele está meditando existe uma árvore, um riozinho fluindo e uma vegetação de grande beleza. Esse quadro mostra que o iogue, o buscador da verdade, o ser espiritual, é capaz de transformar a realidade á sua volta. Isso é algo muito significativo. Podemos mudar o mundo em função do que sentimos e pensamos e da maneira como agimos. Quando percebemos que somos seres divinos, que temos um poder infinito, e passarmos a usar esse poder, somos capazes de movimentar montanhas. Que poder fantástico de transformação tiveram Buda, Krishina, Cristo e tantos outros instrutores da humanidade. Eles foram canais do divino. Conseguiram superar suas limitações, dominar seu egoísmo, a sua natureza inferior, e se abriram para a realidade superior, oferecendo-se como canais de regeneração da humanidade. Cristo falava “eu e o meu Pai somo um”, porque ele estava aberto para o Pai, que é a natureza divina que habita cada um de nós. Somos divinos por natureza e um dia chegaremos à estrutura de um Buda, de um Cristo. A semente da divindade já está presente no nosso interior. Apesar de sermos, divinos, vivemos envoltos nesse mundo de ilusão, esquecidos de nossa real natureza. Há um diamante no fundo do nosso ser, mas seu brilho está obscurecido. O brilho do diamante não consegue chegar à tona, não consegue chegar a nossa mente. Mas o diamante nunca deixa de ser diamante, mesmo quando está debaixo da terra. Se cavarmos e removermos tudo aquilo que está obscurecendo o seu brilho, sua luz se fará presente iluminando a nossa consciência, tornando a nossa vida mais clara, nítida e bela. Essa vida de sonhos que levamos é uma vida irreal, condicionada, sem criatividade; é uma vida que não conduz a auto-realização. Temos apenas que deixar que a beleza interior aflore, que a divindade interior se manifeste dentro de nós. E como é possível fazê-lo? Os grandes instrutores da humanidade nos ensinaram que a auto-realização é um processo de abertura. O divino já está no nosso interior, o diamante já está presente em nosso ser. A nossa natureza é uma natureza de felicidade. Por que não somos felizes? Porque não deixamos que essa luz chegue até nós?
Buda dizia de forma muito inspiradora que a vida espiritual é muito simples: é só se abrir para a luz. As pessoas vivem como se estivessem numa casa com as portas trancadas e janelas fechadas imersas nas trevas, com medo do mundo, encerradas em seu próprio universo, sem deixar qualquer frestinha de luz entrar. O medo de se abrir para o mundo é tanto que elas se trancam em si próprias. Elas criam uma casca em torno de si e se relacionam coma vida através dessa casca, dessa carapaça, impedindo o livre fluxo de energia entre elas e o universo. Buda dizia que basta abrir a porta e a janela que a luz entra. È muito simples mesmo. Estamos numa casa com tudo fechado, envoltos pela escuridão. Não é necessário descobrir nada sobrenatural, basta ter a coragem de se abrir. Quando no abrimos para a luz, ela chega até nós e ilumina nossa mente. Será que estamos preparados para recebê-la? Sem essa luz a vida fica obscura, sem beleza, sem brilho. Sem ela não conseguimos distinguir o falso do verdadeiro, vivemos na obscuridade. Essa luz divina chega até nós vida de dentro. É uma luz que esta sempre esperando que nós nos abramos para ela. Todos nós podemos ter acesso a essa luz interior, que é uma luz maravilhosa, que é a única fonte real de felicidade. Só depende de estarmos determinados a viver a vida divina aqui na Terra.


Eduardo Weaver é engenheiro, teósofo, conferencista e diretor-presidente da Editora Teosófica. Revista SOPHIA JUL/SET/2010

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Esmola e Caridade

Escusam-se muitos de não poderem ser caridosos, alegando precariedade de bens, como se a caridade se reduzisse a dar de comer aos famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus e proporcionar um teto aos desabrigados.

Além dessa caridade, de ordem material, outra existe - a moral, que não implica o gasto de um centavo sequer e, não obstante, é a mais difícil de ser praticada.

Exemplos? Eis alguns:

Seríamos caridosos se, fazendo bom uso de nossas forças mentais, vibrássemos ou orássemos diariamente em favor de quantos saibamos acharem-se enfermos, tristes ou oprimidos, sem excluir aqueles que porventura se considerem nossos inimigos.

Seríamos caridosos se, em determinadas situações, nos fizéssemos intencionalmente cegos para não vermos o sorriso desdenhoso ou o gesto disprezivo de quem se julgue superior a nós.

Seríamos caridosos se, com sacrifício de nosso valioso tempo, fôssemos capazes de ouvir, sem enfado, o infeliz que nos deseja confiar seus problemas íntimos, embora sabendo de antemão nada podermos fazer por ele, senão dirigir-lhe algumas palavras de carinho e solidariedade.

Seríamos caridosos se, ao revés, soubéssemos fazer-nos momentâneamente surdos quando alguém, habituado a escarnecer de tudo e de todos, nos atingisse com expressões irônicas ou zombeteiras.

Seríamos caridosos se, disciplinando nossa língua, só nos referíssemos ao que existe de bom nos seres e nas coisas, jamais passando adiante notícias que, mesmo sendo verdadeiras, só sirvam para conspurcar a honra ou abalar a reputação alheia.

Seríamos caridosos se, embora as circunstâncias a tal nos induzissem, não suspeitássemos mal de nossos semelhantes, abstendo-nos de expender qualquer juízo apressado e temerário contra eles, mesmo entre os familiares.

Seríamos caridosos se, percebendo em nosso irmão um intento maligno, o aconselhassemos a tempo, mostrando-lhe o erro e despersuadindo o de o levar a efeito.

Seríamos caridosos se, privando-nos, de vez em quando, do prazer de um programa radiofônico ou de T.V. de nosso agrado, visitássemos pessoalmente aqueles que, em leitos hospitalares ou de sua residência, curtem prolongada doença e anseiam por um pouco de atenção e afeto.

Seríamos caridosos se, embora essa atitude pudesse prejudicar nosso interesse pessoal, tomássemos, sempre, a defesa do fraco e do pobre, contra a prepotência do forte e a usura do rico.

Seríamos caridosos se, mantendo permanentemente uma norma de proceder sereno e otimista, procurássemos criar em torno de nós uma atmosfera de paz, tranquilidade e bom humor.

Seríamos caridosos se, vez por outra, endereçássemos uma palavra de aplauso e de estimulo às boas causas e não procurássemos, ao contrário, matar a fé e o entusiasmo daqueles que nelas se acham empenhados.

Seríamos caridosos se deixássemos de postular qualquer benefício ou vantagem, desde que verificássemos haver outros direitos mais legítimos a serem atendidos em primeiro lugar.

Seríamos caridosos se, vendo triunfar aqueles cujos méritos sejam inferiores aos nossos, não os invejássemos e nem lhes desejássemos mal.

Seríamos caridosos se não desdenhássemos nem evitássemos os de má vida, se não temêssemos os salpicos de lama que os cobrem e lhes estendêssemos a nossa mão amiga, ajudando-os a levantar-se e limpar-se.

Seríamos caridosos se, possuindo alguma parcela de poder, não nos deixássemos tomar pela soberba, tratando, os pequeninos de condição, sempre com doçura e urbanidade, ou, em situação inversa, soubéssemos tolerar, sem ódio, as impertinências daqueles que ocupam melhores postos na paisagem social.

Seríamos caridosos se, por sermos mais inteligentes, não nos irritássemos com a inépcia daqueles que nos cercam ou nos servem.

Seríamos caridosos se não guardássemos ressentimento daqueles que nos ofenderam ou prejudicaram, que feriram o nosso orgulho ou roubaram a nossa felicidade, perdoando-lhes de coração.

Seríamos caridosos se reservássemos nosso rigor apenas para nós mesmos, sendo pacientes e tolerantes com as fraquezas e imperfeições daqueles com os quais convivemos, no lar, na oficina de trabalho ou na sociedade.

E assim, dezenas ou centenas de outras circunstâncias poderiam ainda ser lembradas, em que, uma amizade sincera, um gesto fraterno ou uma simples demonstração de simpatia, seriam expressões inequívocas da maior de todas as virtudes.

Nós, porém, quase não nos apercebemos dessas oportunidades que se nos apresentam, a todo instante, para fazermos a caridade.

Porquê?

É porque esse tipo de caridade não transpõe as fronteiras de nosso mundo interior, não transparece, não chama a atenção, nem provoca glorificações.

Nós traímos, empregamos a violência, tratamos ou outros com leviandade, desconfiamos, fazemos comentários de má fé, compartilhamos do erro e da fraude, mostramo-nos intolerantes, alimentamos ódios, praticamos vinganças, fomentamos intrigas, espalhamos inquietações, desencorajamos iniciativas nobres, regozijamo-nos com a impostura, prejudicamos interesses alheios, exploramos os nossos semelhantes, tiranizamos subalternos e familiares, desperdiçamos fortunas no vício e no luxo, transgredimos, enfim, todos os preceitos da Caridade, e, quando cedemos algumas migalhas do que nos sobra ou prestamos algum serviço, raras vezes agimos sob a inspiração do amor ao próximo, via de regra fazemo-lo por mera ostentação, ou por amor a nós mesmos, isto é, tendo em mira o recebimento de recompensas celestiais.

Quão longe estamos de possuir a verdadeira caridade!

Somos, ainda, demasiadamente egoístas e miseravelmente desprovidas de espírito de renúncia para praticá-la.

Mister se faz, porém, que a exercitemos, que aprendamos a dar ou sacrificar algo de nós mesmos em benefício de nossos semelhantes, porque "a caridade é o cumprimento da Lei."

* * *

Calligaris, Rodolfo. Da obra: As Leis morais.
8a edição. Rio de Janeiro, RJ:FEB, 1998.
(Site da FEEGO)

DICAS DE ESTUDO:

  • A caminho da luz (Pelo espírito Emmanuel, Psicografado por Chico Xavier)
  • A existência de Deus é auto evidente ( Master Choa Kok Sui)
  • Há Dois Mil anos (Pelo Espírito Emmanuel, psicografado por Chico Xavier)
  • Minutos de Sabedoria (Por Pastorino)
  • Nosso Lar (Pelo espiríto André Luiz, psicografado por Chico Xavier)
  • O Evangelho Segundo o Espiritismo (Por Allan Kardec)
  • O Livro dos Espíritos (Por Allan Kardec)

Trailer de Nosso Lar!!!

Gan - Flutuar

Bons Pensamentos

Soltar a Alegria!!!

Solta a tua alegria,não a mantehas presa, como um pássaro engaiolado. Uma alegria profunda e contundente está guardada dentro de ti, esperando que a faças sair e mostrar-se por inteiro no teu rosto. Acredita nisso!!!
A tua alegria, quando desperta, eleva o teu espírito, põe-te em sintonia com Deus, atrai simpatias, saúde e paz!
Ainda que grandes dificuldades se te ponham á frente, lembra-te do teu poder interior, das riquezas que possuis internamente e confia que, querendo, podes conseguir vitórias e fazer maravilhas.
Sê sempre alegre. A alegria, bem usada, é força de progresso!!! (Lourival Lopes)


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Espíritas, amai-vos; este o primeiro ensinamento;

instruí-vos, este o segundo.”

(O Evangelho Segundo o Espiritismo)